Paulo Franke

28 dezembro, 2012

Você já passou por algo deste tipo???



 A campanha das "Panelas de Natal" é tradicional em muitos países. Um dos nossos voluntários quis registrar a última vez em que dela participei e tirou a foto que saiu boa, mas em um sentido "toda errada" e gostaria de explicar  a razão:

O  hipermercado, um dos lugares de arrecadação na nossa cidade, está vazio por ser muito cedo quando um pouco mais tarde a movimentação de Natal foi intensificada. Eu  pareço estar calmo, esperando as pessoas para dar-lhes um sorriso seguido de um "obrigado, feliz Natal!" à medida que forem depositando, suas doações em moedas ou notas.

Mas o que de fato se passava no meu coração sinceramente não era bem isso.   Em vez do espírito natalino - de paz e boa vontade entre os homens, que considero comum em mim durante o ano todo - eu estava em ebulição como uma panela e tive que fazer um grande esforço para cumprir as minhas horas na campanha.  Anneli, minha esposa, na semana anterior, atendera cerca de  200 pessoas que por antecipação receberam vales-supermercados como presente de Natal.  Tudo transcorrera com muita organização, o que lhe é peculiar, e com certa calma, apesar de estarmos cansados pelas longas horas de exaustivo trabalho mas satisfeitos com a sensação de dever cumprido. Então alguém nos conta que uma mulher, insatisfeita, queixara-se de nós no jornal local, lido por grande parte da população. Por um pequeno problema que ocorrera, despejou sua fúria nas páginas do jornal acerca de "problemas ocorridos na campanha natalina de nossa cidade". 

Diante disso, fizemos a campanha deste ano sob ataque e sob pressão - e de muitos telefonemas criticando-nos - e eu confesso que  fui atingido, me entristeci e quase desanimei (pode ser muito bonito ajudar pessoas, mas quem o faz  de forma sistemática certamente conhece o lado difícil dos insatisfeitos e dos ingratos, cujos ataques podem ser muito cruéis e, humanos que somos, fazer-nos esquecer dos tantos que demonstraram satisfação e gratidão por terem sido ajudados).

No último dia da campanha - que  graças a Deus não foi afetada em seu resultado financeiro pelo ataque do jornal - um homem aposentado sentou-se naquele banco que pode ser visto na foto, esperando sua esposa que ainda fazia compras.  E assim começamos a conversar, enquanto eu era constantemente interrompido para agradecer aos doadores. Depois de  contar-lhe a razão por que eu, um brasileiro, estava na Finlândia, chegou o momento  de eu perguntar-lhe acerca de seu trabalho antes de aposentar-se. "Eu trabalhei sempre com doentes mentais", respondeu-me. Fiquei curioso  ao saber, pois aquele homem parecia possuir um equilíbrio emocional muito grande, que combinava com seu porte de lord inglês. Depois de contar-me alguns lances de seu  difícil trabalho ao longo de muitos anos, perguntei-lhe diretamente: "E como o amigo, passando horas diariamente com doentes mentais, não parece ter sido afetado pelos problemas das pessoas à volta?" Sua resposta veio rápida e convicta: "Ah, eu nunca levei os problemas da clínica para casa." E ilustrou seu segredo com a história - que eu já conhecia - do pato que em suas penas possui uma substância oleosa, razão pela qual nunca se molha (por coincidência, a palavra "pata" em finlandês significa panela...) Não estava eu levando meu fardo de tristeza e até indignação para casa naqueles dias, ocupando horas do dia naquela semana e até da noite, revolvendo sempre em minha mente? De alguma forma meu peso foi aliviado no transcorrer da conversa com aquele homem que, ao ver afastar-se com sua esposa, deixara não só uma contribuição para a obra, mas uma imensa contribuição para mim, pessoalmente.

Chegando em casa, liguei para a minha esposa, ainda envolvida  arduamente na organização da campanha, que envolve muita gente e muitos lances de contar dinheiro, levar ao banco etc.  Ao ouvir minha experiência, que contei  animadamente de tanto que me ajudara, ela contou a sua  experiência,  praticamente simultânea. Um homem que conhecia de vista e sabia tratar-se de alguém que se recuperava no AAA (Associacão de Alcoólicos Anonimos), notando o olhar triste que ela trazia em seu semblante, associou-o à reportagem do jornal, e falou-lhe, repetidas vezes: "Não deixe 'aquilo' ir parar no seu coração!".

Ao telefone, ambos louvamos a Deus pelas duas pessoas que  encontramos e que tanto nos encorajaram! Eram "as pedras clamando", como costumamos falar, isto é, a ajuda e a alavanca vindas de pessoas das quais jamais esperaríamos. E ao contar isso preciso acrescentar que dos lugares e das pessoas que mais deveriam ajudar-nos tivemos incompreensão e críticas  pelo fato de termos "ido parar no jornal", o que em um sentido mais nos feriu nessa história toda que envolveu ataques externos e internos, meio difícil de explicar... e pra quê? Foi uma injustiça, sim. Diante disso, Deus  acionou o seu infalível plano chamado de "as pedras clamando" e com isso tanto nos ajudou!

A experiência que tive levou-me ao "anjo de pedra tocando sua trombeta", belo texto extraído do "The War Cry" da Austrália:


Eu o vi na esquina pela qual meu ônibus estava passando. As nuvens tornavam-se douradas e o céu escurecia-se com a aproximação da chuva e da noite.
Lá estava o anjo, pronto para soar a sua trombeta. Para quê?
Olhei pela janela da condução e vi as casas daquele bairro residencial de classe média, tão respeitáveis, tão prósperas! Depois olhei novamente para o anjo. Por que o anjo quereria tocar a sua trombeta? Será que ele compreendia o impacto que um toque de trombeta causaria em um lugar como aquele? Que direito teria um anjo de chamar a atenção das pessoas comuns, ocupadas com as tarefas do dia-a-dia, para fazê-las pensar na eternidade?
Seria por isso que o anjo tocaria a sua trombeta, para tornar-nos cientes de que a vida é mais do que contas a pagar e carreiras a seguir, mais do que procurar alcançar sucesso e sentir o desejo de ser amado?
Será que ele queria que compreendêssemos que estamos procurando respostas em lugares errados? Será que ele nos estaria chamando de volta à igreja - e, se voltássemos, será que encontraríamos as respostas ali?
Será que ele daria um toque de alegria? Será que ele queria que olhássemos os últimos raios do por-do-sol e os formatos das nuvens? Será que ele queria que víssemos o mundo cheio da glória divina e que a nossa própria busca de glória pessoal fosse obscurecida pela divindade em nosso meio? Era essa a mensagem?
Ou será que ele queria tornar-nos cônscios uns dos outros, tirando-nos de nossos casulos de proteção para um contato vivo uns com os outros? Se um anjo tentasse fazer isso, nesta cidade, ele teria de estar preparado para soar a trombeta por um longo tempo.
Talvez ele já estivesse soando a trombeta por um longo tempo - e ninguém tivesse escutado. Eu mesmo havia passado pela igreja umas cem vezes, mas nunca havia olhado para cima e visto a estátua de um anjo ali, uma figura imponente em frente das nuvens. Fico feliz de a ver notado naquele entardecer. Fez-me lembrar de que Deus está no no meu mundo... e eu precisava deste lembrete.

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Que Deus nos conceda um espírito de gratidão, em meio a qualquer experiência pela qual passemos:

Mathew Henry, autor de diversos comentários bíblicos, estava caminhando nas ruas de Londres há 300 anos. Em dado momento, uma gang de ladrões pulou sobre ele e levou todo o seu dinheiro. Mais tarde, de volta à sua casa, ele escreveu no seu diário o que lhe havia acontecido:

"Eu devo ser grato a Deus! Primeiro, eu nunca havia sido roubado antes. Segundo, embora eles tenham levado meu dinheiro, não levaram minha vida. Terceiro, embora tenham levado todo o meu dinheiro, não era tanto assim. Quarto, sou grato porque eu é quem foi roubado e não eu quem roubou."


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Para 2013, meus votos:

O fruto do Espírito é:

12 meses de amor e alegria,
52 semanas de paz,
365 dias de paciência e bondade,
8760 horas de retidão,
525.600 minutos de fidelidade e mansidão,
31.536.000 segundos de domínio próprio.

Gálatas 5:22-23

(feito pela Anneli)

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L i n k s


Sozinho no meio da multidão em Estocolmo.



http://paulofranke.blogspot.fi/2007/12/sozinho-no-meio-da-multido-em-estocolmo.html

"Lançar o pão sobre as águas" - já experimentou isso?


http://paulofranke.blogspot.fi/2011/06/lancar-o-pao-sobre-as-aguas-ja.html


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A n ú n c i o

Neste 01/01/2013, início do meu terceiro blog, 
enfocando o livro que Deus me deu a oportunidade de escrever.
 Serão 365 meditações publicadas a cada dia ao longo do ano.
 Acesse-o - seja abençoado com as leituras - e divulgue-o:

www.paulofranke-edificacaodiária.blogspot.com


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Próxima postagem:




Abrindo o velho livro de poesias (1)

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